Mulheres representam 17% das 223 candidaturas aos governos estaduais


Em quase quatro décadas pós-redemocratização, país elegeu oito mulheres e 158 homens para comandar os estados, segundo levantamento da CNN

Gabriela GhiraldelliSalma Freuada CNN

São Paulo

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As mulheres representam 17% das 223 candidaturas aos governos estaduais, segundo levantamento da CNN com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao todo, são 38 candidatas, sendo que três delas lideram as pesquisas de intenção de voto a pouco mais de um mês para o primeiro turno, marcado para 2 de outubro.

No Rio Grande do Norte, a única governadora eleita em 2018, Fátima Bezerra (PT), que concorre à reeleição neste ano, é a favorita, segundo pesquisa TV Cabugi/Ipec divulgada na segunda-feira (22).

Ela aparece com 46%, à frente de Capitão Styvenson (Podemos), com 15%, e Fábio Dantas (Solidariedade), com 9%. Registrada na Justiça Eleitoral com o número RN-09891/2022, a pesquisa ouviu 800 pessoas e tem margem de erro de três pontos percentuais.

Em Pernambuco, a deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) também lidera as sondagens para o governo. Segundo a pesquisa Globo/Ipec, ela está à frente, com 33%.

No segundo lugar, há empate técnico entre Raquel Lyra (PSDB), com 11%, e Anderson Ferreira (PL), com 10%. A margem de erro também é de três pontos percentuais. A pesquisa, que ouviu 1.200 eleitores, foi registrada sob o número BR-09411/2022.

Em Roraima, a principal candidata ao governo também é uma mulher. De acordo com a pesquisa TV Record/RealTime Big Data mais recente, a ex-prefeita de Boa Vista Teresa Surita (MDB) lidera com 47% das intenções de voto, à frente do atual governador Antônio Denarium (PP), que tem 36%. O instituto entrevistou 1.500. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento está registrado na Justiça Eleitoral com o código RR-04257/2022

O número de mulheres que concorrem aos governos estaduais é maior em 2018 em comparação com as eleições gerais anteriores. Em 2018, das 202 candidaturas de governadores, 30 eram de mulheres, o que representava menos de 15%.

As governadoras desde 1985

Desde a redemocratização do país, em 1985, 158 homens foram eleitos e oito mulheres saíram vitoriosas das urnas, de acordo com um levantamento da CNN que não considerou as reeleições ou um novo mandato em período distinto. As eleições para governadores voltaram a ocorrer no Brasil em 1982, ainda na ditadura militar. O levantamento foi feito a partir do pleito de 1986.

Dentre as mulheres eleitas, Roseana Sarney (MDB), no Maranhão, é a única que foi reconduzida ao posto, em três oportunidades diferentes.

Ela foi eleita pela primeira vez em 1994 e reeleita em 1998. Na terceira vez que tentou a vaga, em 2006, perdeu para Jackson Lago (PDT). Ele e o vice, porém, tiveram os mandatos cassados pelo TSE, e a entidade determinou que Roseana, que havia ficado em segundo lugar, assumisse o cargo. Posteriormente, foi reeleita e ficou até 2014.

No Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho, então no PSB, ocupou o cargo de 2003 a 2007. No Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB) governou de 2007 a 2011. O Pará também elegeu uma mulher para a vaga: Ana Júlia Carepa (PT), que comandou o estado de 2007 a 2011. Em Roraima, Suely Campos (PP) exerceu a função de 2015 a 2018.

O Rio Grande do Norte é o estado que mais elegeu mulheres para o cargo desde os anos 1980. Foram três: Wilma de Faria (PTdoB), Rosalba Ciarlini (PP) e Fátima Bezerra (PT).

Ligações com figuras masculinas

A maioria das mulheres eleitas tem ligação com antigos governadores. Roseana Sarney é filha do ex-presidente da República José Sarney (MDB), que também comandou o Maranhão de 1966 a 1970.

Rosinha Garotinho é esposa de Anthony Garotinho (União), ex-governador do Rio de Janeiro. Em Roraima, Suely Campos é casada com o ex-governador Neudo Campos.

Já Wilma de Faria foi casada com o ex-governador do Rio Grande do Norte Lavoisier Maia, além de ter parentesco com Dinarte de Medeiros Mariz, que também comandou o estado.

Vices assumem cargo

Além das oito governadoras que saíram vitoriosas das urnas, outras sete assumiram seus estados após os titulares eleitos deixarem a vaga. Todas se tornaram as primeiras mulheres no cargo.

A primeira mulher vice a assumir um governo no período pós-redemocratização foi Iolanda Fleming, então no PMDB. Ela governou o Acre de maio de 1986 a março de 1987, com a renúncia do governador Nabor Júnior para disputar uma vaga no Senado.

No Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT) ocupou a vaga de governadora de abril de 2002 a janeiro de 2003. Ela era vice de Anthony Garotinho, que deixou o cargo para concorrer à Presidência da República em 2002.

No Amapá, Dalva Figueiredo (PT) foi governadora de abril de 2002 a janeiro de 2003. O governador eleito, João Capiberibe, também precisou se desincompatibilizar da função para concorrer ao Senado.

No Paraná, o mesmo aconteceu com Cida Borghetti (PP), que governou o estado de abril de 2018 a janeiro de 2019 para que o governador Beto Richa pudesse tentar uma vaga de senador.

Outra que assumiu de março de 2006 a janeiro de 2007 após o titular sair foi Maria de Lourdes Abadia, então no PSDB, no Distrito Federal. Ela era vice de Joaquim Roriz, que também concorreu ao Senado naquele ano.

A governadora do Ceará, Izolda Cela (PDT), assumiu em abril de 2022, mas foi retirada da corrida à reeleição pelo seu próprio partido. Ela se desfiliou da legenda depois da decisão da cúpula. Izolda era vice de Camilo Santana, atual candidato ao Senado no estado pelo PT.

A governadora do Piauí, Regina Sousa (PT), assumiu em março de 2022, com a renúncia de Wellington Dias para disputar o Senado, e também não é candidata à reeleição.

Na outra ponta, todos os homens que sucederam os governadores eleitos são candidatos a um novo mandato. A exceção é no Rio Grande do Sul, em que o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) renunciou ao cargo mas vai tentar o pleito novamente.

Atualmente, dos 27 governadores, três são mulheres. Historicamente, o número de governadoras num mesmo período nunca chegou a quatro.

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