Tresidela: as três cidadelas dos povos originários ao alto dos morros: Pirajá, Sanharó e Caldeirões...

A história de Caxias começa, no século XVII, com o Movimento de Entradas e Bandeiras ao interior maranhense, para o reconhecimento e ocupação das terras às margens do Rio Itapecuru, durante a invasão francesa no Maranhão, principalmente, com o trabalho valoroso dos missionários religiosos em busca de almas para a fé cristã.

Cidade de Caxias MA, 1957
Foto divulgação [IBGE, 2015]

  O local onde se acha situada a bela cidade de Caxias foi, primitivamente, um agregado de grandes aldeias dos índios: Guanarés, Timbiras e Gamelas que conviviam pacificamente com os portugueses e franceses. Porém, com a expulsão dos franceses do Maranhão, em 1615, os portugueses reduziram tais aldeias à condição de subjugadas e venderam suas populações, como escravos, ao povo de São Luís. E, convém lembrar, o primeiro nome dado a Caxias foi o de Guanaré...

Nos dias atuais, eu sou quase um septuagenário... Mas há muito tempo, precisamente, na minha escolaridade ginasial, eu estudara sobre as histórias do Maranhão e de Caxias em fontes escritas por historiadores, tais quais: Mário Martins Meireles, Astolfo Serra, Ribeiro do Amaral e Elói Coelho Neto, dentre outros, e estou a  lembrar, a verdadeira história da nomenclatura - Tresidela - eminentemente nascida, aqui, no torrão caxiense. Porém, àquela época, obtive a imprescindível e imensurável aprendizagem ministrada pela geógrafa e historiadora caxiense, professora Filomena Machado Teixeira ( Tia Filó ), e com a qual -  reforçado pela oralidade popular - aprendi sobre o verdadeiro surgimento do nome Tresidela. 

Eis, pois, a verdadeira história/estória: no final do século XVII com o Movimento de Entradas e Bandeiras, através do qual o bandeirantes portugueses largavam do litoral do Maranhão, em transporte fluvial, para ocupar as terras devolutas pertencentes aos povos originários no interior da província e povoá-las, além de subtrair as riquezas naturais da flora, fauna e minerais para enviá-las à Coroa Portuguesa. Pois bem, ao chegarem, aqui, aportaram contra a correnteza à margem esquerda do Rio Itapecuru e, lá, avistaram três comunidades de povos originários os indígenas: Ganarés, Gamelas e Timbiras,  ao alto dos morros: Sanharó, Pirajá e Caldeirões... E com tal descoberta gritaram: - "estão cá no alto daqueles montes três cidadelas", pois, em Portugal, nossos descobridores usam no  vocabulário patrício o diminuitivo de uma comunidade ou cidade pequena como cidadela e, nós brasileiros, no nosso vocabulário, brasileiramos e aglutinamos aquela expressão como Tresidela. E, também, foram eles, através, do português, Marquez de Pombal, chefe da Província do Maranhão, que trouxe o nome de Cachias com ( ch ) para denominar o nosso torrão, em face termos em nossa vegetação varias palmeiras da família das palmáceas, dentre as quais: o babaçu, carnaúba, macaúba, juçara, buriti e outras tantas... Sendo que; Cachias vem do nome popular/vulgar em relação à flor em cachos nascida em todas as palmeiras tal qual a palmeira real ou imperial que diverge das nossas haja vista não brotar das flores em cachos frutos tal qual as nossas. 

Cidade de Caxias MA, 1957
Foto divulgação [IBGE, 2015]

Portanto, os povos originários - indíginas - tiveram e têm, ainda, uma importante contribuição étnica na formação do nosso povo - mameluco: branco com índio e cafuso: preto com índio. Anos e décadas se psssaram e várias denominações foram impostas ao lugar, dentre as quais: Guanaré - denominação indígena -, São José das Aldeias Altas, Freguesia das Aldeias Altas, Arraial das Aldeias Altas, Vila de Caxias e, finalmente, através da Lei Provincial, número 24, datada de 05 de julho de 1836, fora elevado à categoria de cidade com a denominação de Caxias.

União Caxiense – Companhia de Fiação e Tecidos, década de 1990
Foto divulgação [IBGE, 2017]

Por Wibson Carvalho, poeta e escritor caxiense